...Continuação da Postagem anterior.....
1.3 – O dízimo nos dias de Abraão (Gn 14.20)
Observem que nesse caso, o real motivo por ter Abraão dizimado a Deus, a Bíblia não declara abertamente, mas facilmente se deduz pelo contexto da passagem em referência: Abraão fez apenas o que era prática comum entre a linhagem piedosa de Set, substituto do justo Abel, que morreu por ser fiel a Deus e pela inveja de Caim. Sim amados, Abraão só fez o que já era prática comum em sua família como serva de Deus, mesmo que antes, ele não servisse a Deus residindo na Caldéia. Mas Abraão era tão sincero que Deus o chamou para segui-lo, como fez com Cornélio (At 10). Por quê? Porque Deus o viu, oniscientemente, como um exemplo de fé.
Verifiquem que a lição que a Bíblia nos relata com imensa propriedade é que Abraão, ao dar o dízimo para Melquisedeque (que nesse contexto tipificava - ou era uma "teofania" - (de) a Cristo), estava reconhecendo o senhorio de Cristo (por fé) e, por conta desse ato, foi abençoado, mesmo já sendo portador de promessas inefáveis. Esse fato demonstra a pequenez de Abraão diante da onipotência divina e a sua obediência a uma linha de conduta que já vinha sendo seguida (Hb 9.6,7).
1.4 – O dízimo nos dias de Jacó (Gn 28.18-28)
Novamente identificamos a continuidade do dízimo na vida do desmantelado Jacó. Certamente, para fazer o voto nestes termos, ele com certeza presenciou seus benefícios na vida de Isaque, seu pai, bem como na vida de seu avô, Abraão. Após a experiência com Deus em Betel, de forma espontânea, Jacó resolveu retornar à prática de sua família, que ele havia deixado.
1.5 – O dízimo e as ofertas nos dias de Moisés
Nos dias de Moisés, o dízimo passou a exercer importante papel na vida religiosa do povo israelita (Dt 26.1-15). Dessa forma, não só a Casa de Deus era suprida, como também a tribo de Levi, responsável pelo sacerdócio. Quando o povo se encontrava fraco e afastado de Deus, o dízimo era negligenciado.
Além dos dízimos, os israelitas eram instruídos a trazerem numerosas ofertas ao Senhor, principalmente na forma de sacrifícios. O holocausto (Lv 1; 6.8-13), a oferta de manjares (Lv 2; 6.14-23), a oferta de pacífica (Lv 3; 7.11-21), a oferta pelo pecado (Lv 4.1 – 5.13; 6.24-30), e a oferta pela culpa (Lv 5.14 – 6.7; 7.1-10).
Observem que, o que Deus fez com o dízimo na Lei, foi apenas "regulamentá-lo" para aquela dispensação, fato necessário, diante da instabilidade do povo, demonstrada no fato de que, por algumas vezes, Deus desejar exterminar a todos e fazer de Moisés uma nova Nação.
Ainda havia ofertas voluntárias além dessas prescritas. Por exemplo, quando foi para construir o Tabernáculo no monte Sinai, os israelitas trouxeram liberalmente suas ofertas para a construção da tenda e de seus móveis (Êx 35.20-29). Eles ficaram tão entusiasmados com o empreendimento, que Moisés teve de ordenar-lhes que cessassem as oferendas (Êx 36.3-7).
Nos tempos de Joás, o sumo sacerdote Joiada fez um cofre para os israelitas lançarem as ofertas voluntárias a fim de custear as despesas de consertos do Templo, e todos contribuíram com generosidade (2 Rs 12.9,10). Semelhantemente, nos tempos de Ezequias, o povo contribuiu generosamente às obras de reconstrução de templo (2 Cr 31.5-19).
Houve nos momentos da história do AT, que o Povo de Deus reteve egoisticamente o dinheiro, não repassando os dízimos e ofertas regulares ao Senhor. Durante a reconstrução do templo, os judeus pareciam mais interessados na construção de suas próprias casas, por causa dos lucros imediatos que lhes trariam, do que nos reparos da Casa de Deus que se achava em ruínas. Por causa disto, alertou-lhes Ageu, que muitos deles estavam sofrendo reveses financeiros (Ag 1.3-6).
De semelhante modo estavam se portando os israelitas na época do profeta Malaquias, e mais uma vez Deus castigou o povo por recusar a trazer-lhe os dízimos. É nesse contexto que está inserido Malaquias 3.10, que os chama de roubadores (ladrões) de Deus, incitando-os à fidelidade e, após, fazer prova do Todo-Poderoso, que jamais deixará de cumprir suas promessas àqueles que lhe são fiéis.
2 – O DÍZIMO NO NOVO TESTAMENTO
O dízimo não ficou restrito aos tempos do Antigo Testamento, como alguns alardeiam diante do desejo de não dizimar em nossa atualidade. É bom que se diga que a Assembleia de Deus local não é subvencionada pelo governo municipal, estadual ou federal e são as contribuições dos irmãos, com fidelidade, e as ofertas prescritas ou alçadas que faz com que esta Igreja seja constantemente abençoada por Deus, conhecida como igreja missionária, igreja comprometida com o bem-estar dos seus membros e congregados e uma igreja que está construindo um mega templo, cujo único objetivo é glorificar e enaltecer o nome do Senhor Deus, a quem todos nós servimos.
O escritor da epistola aos Hebreus estabelece uma vinculação direta entre esta prática e o Novo Testamento, quando menciona o fato (que já relatei nesse breve estudo) de Abraão ter dado o dízimo de tudo a Melquisedeque. Vale lembrar, inclusive, que o mesmo autor afirma ser Cristo sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 10.5). Ora, isto significa que, se a ordem é a mesma, os deveres e privilégios continuam também os mesmos, sem alteração, e isto inclui o dízimo.
Dar o dízimo, portanto, é dar seqüência, em Cristo, ao sacerdócio de Melquisedeque, que é “...sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre” (Hb 7.3).
2.1 – Jesus e o dízimo
O próprio Cristo manifestou-se soberanamente sobre o dízimo (Mt 23.23,24). Naquele contexto dos tempos de Jesus, a prática do dízimo tinha se desvirtuado do contexto de bênçãos de Deus, e tornou-se uma prática legalista e ostentatória de falsa religiosidade ou espiritualidade. Os escribas e fariseus cumpriam esta determinação apenas para serem vistos e honrados pelos homens, e não como fruto sincero de corações agradecidos a Deus pelas bênçãos com as quais Deus os abençoava. Era apenas aparência. E o texto em referência enfatiza e torna esse entendimento claro como o sol ao meio-dia.
Em resumo, aquela situação de “dizimista fiel” era falsa, era hipocrisia. Estaríamos nós, em nossa pratica cristã de observação da doutrina bíblica do dizimo sendo sinceros a Deus ou sujeitos à mesma repreensão que Cristo impôs aos escribas e fariseus?
Entendemos no texto em destaque, que o dízimo não pode existir sem a prática do juízo, da misericórdia e da fé. Ou seja, eles deviam dar o dízimo, sem deixar de observar os fundamentos divinos que Jesus expressou. Concluindo, o que Jesus fez aqui foi reforçar o conceito de que o dízimo, antes de ser mera obrigatoriedade, para aparentar justiça, é um ato de fé (retornamos a ela), que produz obediência voluntária aos mandamentos da Palavra de Deus.
2.2 – O dízimo nas epístolas
Nas epístolas, por inferência, identificamos o dizimo em 1 Co 16.2, onde constatamos que as contribuições eram feitas no primeiro dia da semana (domingo), proporcionalmente (percentualmente) à prosperidade de cada um. O dízimo é exatamente isso, pois quando se retira os 10%, esse valor é sempre proporcional ao que você percebe como salário ou renda bruta mensal.
Concluindo este tópico, o que está implícito é que quanto mais o crente prospera, mais contribui. E quando mais ele contribui, mais prospera. Quanto à maneira como o dízimo deve ser dado ou devolvido (haja vista que ele não é nosso, pois vem de Deus em forma bruta e retorna pra ele proporcionalmente), Paulo reitera que a motivação correta é “...não com tristeza (porque ganha um ótimo salário), nem por necessidade (só para ter seu nome exposto em um relatório mensal e poder bater no peito; ou porque é auxiliar, obreiro etc. e tem que ficar “bem na fita”); porque Deus ama ao que dá com alegria (da fé, da salvação, de estar ajudando a Obra de Deus a crescer), 2 Coríntios 9.7.
3 - CONCLUSÃO
As bênçãos do dizimista fiel são grandes. Mas vamos apenas destacar que ele...:
- Torna-se exemplo para os demais crentes;
- Sente-se recompensado por ser parte ativa da Obra de Deus, ser útil a Deus;
- Deus o socorre em tempos trabalhosos;
- Deus é recíproco em bens maiores (a benção também é proporcional);
- Torna-se sócio de Deus na Obra (Se Deus é seu parceiro, faça grandes projetos);
- Reconhece o senhorio de Cristo em sua vida (o que temos não é nosso... é de Deus);
Devemos lembrar-nos de servir a Deus e não ao dinheiro (Mt 6.19-24; 2 Co 8.5; 1 Tm 6.10). A cobiça é idolatria (Cl 3.5).
Resumindo o título desse breve estudo, diríamos assim:
O dízimo é um ato expontâneo de nossa parte a Deus, por fé, reconhecendo seu senhorio sobre nossas vidas e que tudo que possuimos é dele (Sl 24.1). Assim, nos constituimos mordomos de Deus sobre tudo que ele nos concede administrar. Se Deus confia em nós a tal ponto de nos por como administradores de sua imensa criação, podemos deduzir que ele é bom, amoroso, misericordioso e salvador, qualidade última que ele legou a Jesus Cristo. Logo, quem não reconhece o senhorio de Cristo, nosso salvador, como herdará a salvação, sendo que um dos principais atributos para tal benção se efetivar em nossas vidas é a fé?? Pensemos nisto, pois.
A Deus toda a Glória!!"
5 comentários:
Rico artigo... Parabéns pela argumentação que incentiva mais ainda, os cristãos a dizimarem e serem abençoados por Deus. Conversando com um certo irmão que ganha muito bem, ele declarou que nunca havia dado o dízimo, e que agora começara a dizimar, e o dinheiro dele havia rendido 10x mais naquele mês que ele dizimou... Outra coisa interessante, é que, empresários, fazendeiros, agricultures, de um modo geral, acabam por "roubar" a Deus, por falta de conhecimento, ou por acharem que o dízimo vai ser muito alto, e dão apenas 10% da renda líquida da empresa, configurando "apropriação indébita" e "sonegação" de valores que deveram ser destinados à obra de Deus, através do dizimo. Algumas vezes já tive, debates "calorosos" com cristãos antigos - e que nunca aprenderam sobre o dízimo, infelizmente - sobre a questão dos 10% serem sobre a RENDA LÍQUIDA ou RENDA BRUTA, seja pessoal ou empresarial, e todos concordam apenas com a RENDA LÍQUIDA - um disparate bíblico, pois quando Deuteronômio 12.17 fala em DÍZIMO, ele inclui tanto a matéria-prima - GRÃO - quando o derivado - MOSTO, AZEITE, bem como animais, etc. Essa história de dizer, que devemos dar primeiro ao GOVERNO, e depois do que sobra darmos a DEUS, é "estória" do próprio DIABO. Busquemos - paguemos - primeiro a DEUS, depois aos nossos governantes, pois Ele é quem supre todas as nossas necessidades, ao contrário do GOVERNO, que diminui nossas reservas financeiras. Muito bom mesmo, o artigo.
Netanias, a paz do Senhor, nobre companheiro...
Seu comentário, com certeza, consolidou ainda mais o que a Palavra de Deus assevera sobre tão importante negócio dentro dos nossos "tabernáculos", negócio este que muitos insistem em não cumprir à risca, esquecendo-se do fato de que Deus é "visitador", tanto de nossa fidelidade, como de nossa "infidelidade".
Deus continue a te capacitar e a conservá-lo sensível à voz do Senhor...
Nos laços do Calvário...
Damasceno
Eu tenho o mesmo conceito sobre Jesus continuar o sacerdócio de Melquisedeque, inclusive, alguns irmãos da congregação cristã tiveram dificuldades em me explicar o fato, pois se Jesus continuou o sacerdócio na ordem de Melquisedeque que veio antes da lei,
então Jesus continuou o dízimo na forma de Abraão.
Porêm hoje quando fui fazer um estudo sobre o sábado adventista no site do ministério cap, surgiu-me uma dúvida sobre o dízimo.
No texto sobre o sábado que encontrei no site do ministério cap, observei claramente que a lei era uma concerto entre Deus e seu povo Israel e que este concerto durou até Cristo, sendo assim, tendo o concerto durado até Cristo também terminou a guarda do sábado, junto com este concerto.
O que causou-se a dúvida é que o sábado veio antes da lei e depois fez parte da lei e o dízimo também veio antes da lei e também fez parte da lei, nas mesmas condições do sábado, ou seja, tanto o dízimo, quanto o sábado fizeram parte do mesmo concerto que terminou.
Abraão também deve ter guardado o sábado, assim como deu o dízimo, pois o sábado foi dado ao homem desde sua criação.
O que não entendo é porque nós pentecostais temos a certeza de que não devemos guardar o sábado que fez parte de um concerto que findou-se e insistimos com o dízimo que estava na mesma condição do sábado que fez parte do mesmo concerto que findou-se.
Se Jesus continuou o sacerdócio de Melquisedeque e assim continuou o dízimo, então porque não continuou também o sábado que provavelmente Abraão também guardava...ou se o sábado findou-se, porque não findou também o dízimo que fazia parte do mesmo concerto, a lei.
Entendam, não sou contra o dízimo, nem estou defendendo o sábado, nem entrei neste blog para ser criticado, apenas tenho uma dúvida e preciso de ajuda. Antes de darem sua opnião sobre meu comentario, entrem no site do ministério cap e observem que na parte em que os adventistas são desmascarados sobre o sábado, fica claro que o concerto da lei não vigora mais em nós. O que eu escrevi acima não serve para seitas religiosas cheias de erros aproveitarem meu comentário para criticarem meus irmãos, e se essas seitas resolverem pegar este assunto, basta darem uma olhadinha no site do ministério cap para verem o que lhes esperam.
p.bats@yahoo.com.br
Mais um detalhe, na passagem em que Jesus disse, vós me roubais, e na passagem de ML 3.10, tanto Malaquias, quanto Jesus estavam cumprindo a lei, e como podemos usar uma passagem que se refere a lei para justificar o dízimo, pois o texto bíblico diz que a lei nada aperfeiçoou, e diz também que se guardar-mos uma só parte da lei teremos que viver por toda lei, pois a lei teve seu fim quando Jesus morreu na cruz e o véu do templo se partiu. Então se a lei findou-se na cruz, Jesus nos evangelhos estava cumprindo a lei quando cobrou o dízimo.
O que acontece é que muitas vezes vi alguns usando estas duas passagens para tentarem justificar o uso do dízimo na graça quando estas passagens são cumprimento da lei.
Na lei o homem tinha que obdecer porque éra obrigado a obdecer a lei para não pecar, mas nenhum homem a não ser Jesus consseguiu comprir o preceito da lei. No caso do dízimo nós pentecostais afirmamos que hoje deve ser entregue pela fé como Abraão, mas muitas vezes usamos textos como estes que estavam cumprindo a lei para justificar-mos o dízimo pela fé.
Quanto a estas dúvidas que tenho pesso a ajuda de vocês. Não quiz eu combater a ninguém com meus argumentos, mas precisei coloca-los em meu texto, para que alguém possa me ajudar.
Obrigado.
p.bats@yahoo.com.br
Quando eu disse ministerio cap, na verdade estava dizendo http://www.cacp.org.br/index.html
p.bats@yahoo.com.br
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